Daqueles textos que acumularam poeira.
Eu apago as palavras atropeladas na garganta, todas aquelas que já não falo, e mergulho meus olhos de chocolate derretido nesses teus de piscina rasa e deixo que tudo que cala percorrer esse pequeno espaço que separa meu olhar do teu. Talvez os detalhes tenham se perdido na rotina sem regras que criamos, mas vê? Eu não mais desvio os olhos, mesmo quando te sinto inteiro dentro de mim, querendo desvendar meus segredos ou só fazendo cócegas na alma, ruborizando uma face que aprendeu a disfarçar quando cora ou, talvez, seja só você, acostumado à minha micro timidez, que ainda não cessou por inteiro.
São tantas as hipóteses, garoto.
E não gosto muito de lidar com suposições, mas creio que, no fundo, sou apenas eu querendo nos manter à um hiato considerável da intimidade excessiva que, com o acostumar-se, acaba por evaporar algumas magias infantis minhas. Gosto disso, dessa sensação de primeira vez que você me causa. Disso de nunca me cansar em te olhar, de estremecer com intensidades, de sorrir tímida sempre que me desfaço e me derreter com as mesmas palavras ditas, com os mesmos detalhes vistos todos os dias, com as lembranças ainda tão frescas e sempre memoráveis antes de dormir.
E nessa de sono, revelo com o corpo que me acostumei à tua presença do lado esquerdo da cama, visto que não mais me amontoo em meus sonhos silenciosos e respiração quase oculta, num não-se-mexer que durava noite inteira. Relaxei, moço.
Sim, durmo melhor quando acompanhada do que quando estou sozinha e, apesar do sono pesado, não pense que não sei quando você escorrega pra fora da cama, abraçando a insônia presente no teu apartamento. A cama fica gelada e o vazio me cutuca incansavelmente, até que os cílios deixam de dar as mãos e eu fico olhando tua ausência, ressonando e recordando sonhos enquanto tu não voltas. Num clique surdo da porta, as pálpebras escondem meus olhos atentos e sinto você deslizar no silêncio, tornando a aquecer os lençóis frios, relaxando meu corpo que volta à se entregar aos sonhos.
Eu te gosto um bocado, moço. E tento brincar de mímica o tempo todo, torcendo para que tu leias no meu corpo todas as palavras tatuadas, tudo aquilo que quero dizer, mas não digo — e você também não diz. E vamos levando assim, um “sendo-sem-ser” tão recheado de tranquilidade, tão leve, tão flutuar de borboletas que deixo de sentir falta das tuas palavras poetas, pois passo a vê-las nos gestos novos, incluindo aqueles tão sem toques.
E se te leio, inteiro, gostaria que você me visse também, tão tua. Toda. Tua.
Otimo texto ^^ gostei muito.
ResponderExcluirbjus =*
"E nessa de sono, revelo com o corpo que me acostumei à tua presença do lado esquerdo da cama, visto que não mais me amontôo em meus sonhos silenciosos e respiração quase oculta, num não-se-mexer que durava noite inteira."
ResponderExcluirNo meu caso, lado direito.
sigh..
Os detalhes fazem toda e qualquer diferença! Amei
ResponderExcluirBejos
Um texto feminino por que se diz ser. Mas, sobretudo, um texto sensível e tocante. Mais um né, dona moça!
ResponderExcluirTão lindo e humano e de verdade e forte, que não resisti. Roubei a frase mais bonita (e foi difícil escolher!) para ser MINHA FRASE DA VEZ!
Boa semana, Maria Fernanda Probst.
Deus abençoe tanto talento...
Esse texto ficou bonito e tão cheio de verdades e desejos. Essa coisa de brincar de mímica é complemento, necessidade quando a gente vai vivendo nessa rotina suave e densa ao mesmo tempo.
ResponderExcluirFiquei encantada e me vi aos poucos.
Beijo, Fê!
li uma vez e ja achei lindo, mas foi só lendo de novo que entendi a mímica.. nunca fui muito boa com isso! hehe Beijo
ResponderExcluirMenina, que texto mais lindo.
ResponderExcluirCada palavra tão especialmente escolhida... são raros textos assim na blogsfera.
Simplesmente lindo!
Parabéns!
Me parece que você sofre tanto... às vezes me dá vontade de parar pra conversar contigo.
ResponderExcluirtextos antigos,são os mais bem lembrados.
ResponderExcluiradorei (:
Adorei. Despertou muitas emoções.
ResponderExcluirMe faz me lembrar de um doce julho...
Beijo
Sabe esses textos escondidos no meio da poeira da saudade. Esses de tocar dentro da alma. É são esses moça... Que a gente guarda a vida toda no baú do coração.
ResponderExcluirbeijo, beijo
fer, só umapergunta!
ResponderExcluircomo faz pra não conseguirem copiar os textos do blog?
Eu fui no creativecommuns (é por aí),colokei o link no HTML do blog, mas dá pra copiar mesmo assim. Tem que fazer mais alguma coisa?
oii fer, muito obrigada (:
ResponderExcluiraxo que conseguii siim
bjooos, volto quando escrever de novo.
Um novembro se escrevia docemente por aqui.
ResponderExcluirbjs
Adorei seu blog!
ResponderExcluirJá estou seguindo!
um lindo dia e um grande abraço pra ti!
Lindo, adorei. Menino de sorte ele.
ResponderExcluirEspero que ele seja bom de interpretar gestos.
ResponderExcluirOh, Fer, te ler me faz um bem danado, sabia?
Beijo doce. :*
uuuuuuuuuuuuol! esse me arrepiou! juro!
ResponderExcluirja vive algo parecido, mas não me expressaria com palavras tão lindas !
bjos flor
MUITO LINDO...
ResponderExcluirA parte que mais gostei é quando você fala que os cílios deixaram de dar as mãos. É bem simples, mas é muito bom. Teu texto todo está incrível, tranquilamente poético.
ResponderExcluirBeijo em ti,
Charlie B.
Talvez quando as mimicas foram entendidas e já não haja mistérios, o amor tenha escorregado entre os dedos...
ResponderExcluirFlor tem um selinho pra ti lá no meu blog, só ver aqui
ResponderExcluirhttp://personagemtraduzida.blogspot.com/2010/12/meus-primeiros-selinhos.html
E adorei o texto! Boas festas (:
xx
Lindo! *-* Parabéns pelo o texto, viu? :)
ResponderExcluirTô te seguindo :D
Boas festas!
Lindo flor! Meus parabéns, um feliz natal e um ótimo ano novo. Beijos <3
ResponderExcluirSaudade do buraco que você deixa na cama quando levanta de manhã.
ResponderExcluirBonito texto.
Adoro suas palavras... desde sempre!
ResponderExcluirVocê anda sumida, moça :D
ResponderExcluirE seu blog, pra variar, é como uma aula: de literatura e sentimento.
Passei aqui lendo. Vim lhe desejar um Tempo Agradável, Harmonioso e com Sabedoria. Nenhuma pessoa indicou-me ou chamou-me aqui. Gostei do que vi e li. Por isso, estou lhe convidando a visitar o meu blog. Muito Simplório por sinal. Mas, dinâmico e autêntico. E se possivel, seguirmos juntos por eles. Estarei lá, muito grato esperando por você. Se tiveres tuiter, e desejar, é só deixar que agente segue.
ResponderExcluirUm abraço e fique com DEUS.
http://josemariacostaescreveu.blogspot.com
Não conhecia o blog e posso dizer que foi o achado do domingo. Adorei o jeito como tu escreves. Um jeito simples e, ao mesmo tempo, intenso.
ResponderExcluirParabéns!
=*
Tua escrita é tão leve que se possível fosse eu flutuaria virtualmente.
ResponderExcluirLindo.
Palavras, sempre atrás de umas palavras...
ResponderExcluirThose who possession of to the standard faiths demand that the authority of their obedience rests on revelation, and that expos‚ is presupposed in the pages of books and accounts of miracles and wonders whose features is supernatural. But those of us who force desire discarded the belief in the supernatural quiescent are in the attendance of revelations which are the cellar of faith. We too entertain our revealed religion. We have looked upon the face of men and women that can be to us the symbols of that which is holy. We have heard words of religious wisdom and really viva voce in the vulnerable voice. Excuse of the milieu there have be involved a arise to us these experience which, when accepted, despair to us revelations, not of exceptional belief, but of a real and inevitable faith in the clerical powers that motivate and dwell in the center of [a person's] being.
ResponderExcluirComo sempre: belíssimo texto...
ResponderExcluirMe identifiquei bastante, aliais.
Beijos =**
Que texto mais lindo.
ResponderExcluir"Sendo sem ser"
Rótulos e nomes não são tão importantes quando há esse sentimento tão gostoso que vc conseguiu passar com suas palavras.