diário da Fê, entenda mais clicando aqui.
Tive de enfrentar e descobrir que nem todo mundo está preparado pra receber tudo mesmo. Tive que entender que meus pais vêm de uma geração muito diferente da minha e que os 40 anos de idade que nos separam é algo realmente gritante quando se trata de doenças mentais – e, na verdade, quando se trata de qualquer coisa. Eu tive que entender que tava tudo bem eles acharem que era besteira, que era frescura e que eu estava assim porque queria, afinal eles nunca tiveram muito acesso ao conhecimento e tá tudo bem.
Ao me reconhecer eu tive que entender e acolher meus pais também.
Entender que eles enxergam a vida de uma perspectiva muito diferente da minha, mas que, no fim, eles só queriam o meu bem. Foi difícil. Como boa taurina com ascendente em touro, o orgulho sempre falou mais alto em mim. Várias das queixas trabalhadas em terapia diziam respeito às dinâmicas e relações familiares. Muitas delas foram além da minha capacidade de entendimento, mas eu precisei abaixar a cabeça e perdoar. Mais que isso, eu precisei entrar em contato novamente com todas as minhas dores e dar um novo significado a elas. Precisei recuperar cada momento de conflito e de dor pra conseguir liberar o perdão e, principalmente, conseguir resgatar os pedaços da Fernanda que ficaram perdidos entre todas essas memórias.
Dói entender que o outro erra e que por vezes seremos o alvo desses erros.
Dói mais ainda saber que erramos igualmente e que, da mesma forma, outros são o nosso alvo. Ao entender os erros deles, eu pude entender os meus também. Ao perdoá-los, eu pude me libertar. E me libertando eu fui descobrindo aos poucos novas maneiras de viver e de encarar o passado que há tanto vinha doendo, mas que hoje é representado por uma cicatriz disfarçada por tatuagens coloridas de novos momentos.
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